Como fazer bokashi caseiro usando arroz (sim, é fácil!)

Sabe quando bate aquela vontade de mexer com a terra e cuidar das plantinhas? Pois lá em Curitibanos, em maio, rolou um curso que juntou uma turma boa: agricultores, técnicos e estudantes que gostam mesmo desse trem de planta e horta.

O pessoal aprendeu um bocado sobre como adubar hortaliça de um jeitinho mais esperto, usando coisa natural. E olha, prepararam três tipos de insumos naturais lá: um inoculante cheio de microrganismo do bem, o tal do adubo bokashi (super famoso no Japão, mas cada vez mais conhecido por aqui) e um biofertilizante caseiro, que eles chamam de “suco abençoado”. Parece nome de suco detox, né? Mas é coisa de nutrição pro solo mesmo.

Te conto que foi o engenheiro Kunio Nagai, um japonês danado de sabedorias, que passou as dicas. Ele trouxe experiência, falou de resultado prático mesmo, nada de teoria sem pé no chão. A ideia maior era fortalecer a produção agroecológica ali na região, ajudar o povo a ter uma horta mais saudável e de quebra, economizar no gasto com adubo industrial.

Eu já tentei fazer adubo em casa com restinho de cozinha, mas o bokashi é diferente, viu? Tem um segredinho no jeito de misturar e no cuidado com os bichinhos do solo. Se duvidar, até minha vó ia gostar de experimentar essas receitas.

Adubo bokashi: jeitim de nutrir o solo

No curso, todo mundo viu na prática como se faz o bokashi, que nada mais é do que um composto orgânico super nutritivo. “Bokashi” quer dizer isso mesmo lá no Japão, onde eles têm tradição antiga com agricultura.

O melhor desse adubo é que sai mais barato, porque leva ingrediente fácil de achar: farelo de arroz, esterco, melaço, pó de rocha e o tal do inoculante — que, pra quem mora perto de mato, é só coletar ali mesmo, da terra ou do bambuzal.

Aqui em casa eu misturo muita coisa nas plantas, mas aprendi que o segredo mesmo é o equilíbrio e paciência. Você pode conseguir as receitas detalhadas no livro dos japoneses Kunio Nagai e Akira Kishimoto, mas já dá pra sair testando de leve, com o que tem no quintal mesmo.

Só sei que me animou demais saber que é possível nutrir o solo gastando pouco e ainda reciclar coisa boa daqui do sítio mesmo.

Como preparar o inoculante pra adubos

Pra fazer o inoculante, o jeitim é bem simples. Você vai pegar um pedaço de bambu cortado no meio e encher até a metade com arroz cozido só com água (nada de sal, viu?). Fecha o bambu, amarra direitinho e coloca lá no mato, no meio das folhas secas, de preferência onde não passa bicho. Se puder, dá uma umedecida no solo antes, principalmente se estiver seco.

Agora é hora de esperar. Deixa ali de três a cinco dias, que o arroz começa a ficar embolorado de várias cores (branco, rosa, verde, amarelo). Se aparecer bolor preto, joga fora essa parte, porque aí não presta.

Depois pega esse arroz com bolor, coloca num balde de 20 litros com água de poço e mistura dois quilos de açúcar mascavo (ou melaço) ou então 10 litros de caldo de cana. Deixa essa mistura descansando mais cinco dias.

Coadinho, ele vira um líquido pronto pra usar. Só guardar em garrafa limpa, mas não tampa forte, porque fermenta e pode estufar a tampa. Pronto, inoculante pra jogar no seu adubo orgânico.

É aquele cuidado do dia a dia, igual fazer fermento natural em casa: aí, a gente sabe que o resultado é diferente, né?

Bokashi: receita básica pra cuidar da horta

Agora, se você quer se aventurar e preparar bokashi pra valer, vou deixar aqui os ingredientes básicos que eles usaram pra fazer um montão (uma tonelada, pra falar a verdade, mas você pode fazer menos):

– 450 kg de farelo de arroz
– 250 kg de esterco de galinha poedeira ou pode ser farelo de mamona, soja ou farinha de chifre (aqui o povo adapta com o que tem)
– 250 kg de farinha de osso, fosfato natural, Biorin ou termofosfato
– 50 kg de pó de rocha
– 3 kg de melaço ou açúcar mascavo (uns 15 litros de caldo de cana pra quem tem acesso)
– 3 litros de inoculante daquele que te expliquei
– E entre 300 a 350 litros de água, fica de olho que depende da umidade dos ingredientes

Se quiser fazer menor, só reduzir tudo na mesma proporção. Misture tudinho, deixa fermentar (tem um cheirinho forte, mas passa rápido) e depois é espalhar na horta. O solo agradece, as plantas também.

Dia desses vi minha vizinha empolgada fazendo parecido, e juro, dá gosto ver a hortinha dela verdinha que só.

Dá trabalho? Dá. Mas é daqueles que valem a pena só de ver a saúde das plantas e saber que vem tudo dali, do cuidado e do carinho de casa mesmo. E cá entre nós, fazenda ou quintal, o maior segredo é justamente esse: dedicação de mineira, uai.